Escapo-me deste mundo sempre que posso. Vivo de frases
soltas, saltitando entre umas e outras como sobre os quadrados do jogo riscado
a giz no chão da minha memória. Dou a volta e recomeço. Há traços de giz no céu
azul-claro do fim de tarde e no fundo das gavetas da minha secretária. Ainda
gosto de escrever a giz. Às vezes. A luz do sol tomba, pálida, sobre os montes lá ao
fundo. Cobre-os como um véu de seda gasta e baça, e a mesma luz morre no sopé das
encostas, o rio sepultado entre as duas margens. Voltei a enamorar-me de Simon
e Art Garfunkel e regresso ao concerto em Central Park. Leio-te assim. Com
volúpia. Acabar e voltar ao princípio.