Uma
amiga ligou-me para, diz ela, me ouvir rir. Os dias não andam para grandes
piadas, mas é verdade que, quando nos encontramos, seja apenas pela voz,
acabámos sempre por rir de uma parvoíce qualquer, do passado ou do presente. O
futuro é demasiado precioso para antecipar.
Frequentemente,
perdemo-nos as duas em coisas inúteis. Entendemo-nos de forma quase
telepática, e isso eu sou capaz de compreender. Conhecemo-nos há anos e a
empatia foi imediata. É essa outra cumplicidade, alquímica, forjada apenas em
palavras escritas por mãos desconhecidas e, ainda assim, visceral, que me
espanta. Ainda não lhe falei de ti.