sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Disse Chico Buarque – talvez com pouca paciência para alimentar um novo capítulo desse feminismo ofegoso e insaciável na busca de culpados sabe-se lá de quê exactamente – que deixará de cantar “Com Açucar, Com Afecto”. Que a própria Nara deixaria de cantar, se fosse viva, essa canção infame de mulher resignada e mal-amada. Não faço ideia, nem andava por cá no tempo em que Nara Leão pediu a Chico Buarque que lhe escrevesse uma canção sobre desamores tão indignos.

Em contrapartida, desconfio que, nestas coisas dos blogues, só nos tornamos realmente importantes (como se não procurássemos outra coisa) quando gente seríssima, elevadíssima, impoluta, dessa gente inteligente que sabe sempre estar dizer e pensar, perde parte do seu preciosíssimo tempo, não só a ler blogues humilíssimos e desinteressantes como este, como a enviar-nos mensagens onde se condena e repudia a superioridade moral que, afiançam, nunca, mas nunca, se outorgam, nem mesmo quando julgam (que sabem) da moral – e da vida – alheia. Descansem em paz. E ouçam música. Mesmo da proibida.