Tudo
me comove nas imagens que chegam da Ucrânia. Evito trazer para aqui as que mais
me violentam – quase todas, na verdade – porque me parece quase indecente a impotência
de quem, como eu, pode pouco mais do que assistir, compreender, tentar compreender o que deve haver para compreender. Toda a ajuda conta e toda a
ajuda é um imenso nada no meio de tanta destruição. Mas vou guardando tudo o que não quero esquecer.
As imagens das crianças são sempre as que me doem mais. Talvez porque sou mãe e vejo-me totalmente incapaz da coragem daquelas mães.
Ontem, vi um bebé que chorava no
colo do pai, e enquanto chorava batia-lhe nos ombros e no capacete de militar, com as mãozinhas minúsculas, e tudo naquela pequena grande fúria era a expressão mais exasperada do absurdo
da guerra.
Não vejo
como será possível sair disto. Há-de haver quem saiba. Acredito que há-de haver
quem saiba. Não pode ser de outra maneira.