quarta-feira, 9 de março de 2022

O Inferno somos nós

Tudo me comove nas imagens que chegam da Ucrânia. Evito trazer para aqui as que mais me violentam – quase todas, na verdade – porque me parece quase indecente a impotência de quem, como eu, pode pouco mais do que assistir, compreender, tentar compreender o que deve haver para compreender. Toda a ajuda conta e toda a ajuda é um imenso nada no meio de tanta destruição. Mas vou guardando tudo o que não quero esquecer.

As imagens das crianças são sempre as que me doem mais. Talvez porque sou mãe e vejo-me totalmente incapaz da coragem daquelas mães. 

Ontem, vi um bebé que chorava no colo do pai, e enquanto chorava batia-lhe nos ombros e no capacete de militar, com as mãozinhas minúsculas, e tudo naquela pequena grande fúria era a expressão mais exasperada do absurdo da guerra.

Não vejo como será possível sair disto. Há-de haver quem saiba. Acredito que há-de haver quem saiba. Não pode ser de outra maneira.