Aquela
amiga que me lamenta porque não tenho Twitter envia-me, de tempos a tempos,
pequenos pedaços daquele outro admirável mundo – para me tentar, digo eu, para
me mostrar o que ando a perder, diz ela.
Há
dias (há mutíssimos dias, mas lembrei-me ontem a propósito de uma conversa com
outros amigos), enviou-me uma conversa fantástica: “- Escribe una historia
triste usando solo tres palabras; - Santiago Calatrava, arquitecto. Em Espanha
precisam de saber quão detestada é a gare do Oriente em Lisboa”. Qualquer
coisa assim. Muito bom. Temos um cardápio guloso, inesgotável, de histórias
tristes; com menos palavras ainda. Falência do Estado usando apenas duas: José
Sócrates. E podemos substituí-las sem comprometer o guião, sem subverter o enredo: Joe Berardo; Ricardo
Salgado, e por aí adiante, entre os vivos e os mortos. Se calhar não vale, é batota aquilo das duas
palavras apenas. Parece mais uma espécie de “Ocean’s Eleven” sem o glamour
de outros patifes. Não se pode ter tudo, mas temos uma parte. Temos o George Clooney, é verdade; dizem as
más-línguas que numa espécie de assalto às melhores praias da nossa costa, sob
a forma de grande empreendimento turístico para português ver de longe. Em
qualquer caso, o casino somos nós. Não sei se dá outro bom filme, mas, a vida
de José Sócrates dava, seguramente, um bom livro. Alguém o escreva antes da minha morte. Não é seguro que se regresse, e eu gostava mesmo de saber a história
toda.