sexta-feira, 17 de junho de 2022

Perguntem-lhe com bons modos. Vá lá...

Aquela amiga que me lamenta porque não tenho Twitter envia-me, de tempos a tempos, pequenos pedaços daquele outro admirável mundo – para me tentar, digo eu, para me mostrar o que ando a perder, diz ela.

Há dias (há mutíssimos dias, mas lembrei-me ontem a propósito de uma conversa com outros amigos), enviou-me uma conversa fantástica: “- Escribe una historia triste usando solo tres palabras; - Santiago Calatrava, arquitecto. Em Espanha precisam de saber quão detestada é a gare do Oriente em Lisboa”. Qualquer coisa assim. Muito bom. Temos um cardápio guloso, inesgotável, de histórias tristes; com menos palavras ainda. Falência do Estado usando apenas duas: José Sócrates. E podemos substituí-las sem comprometer o guião, sem subverter o enredo: Joe Berardo; Ricardo Salgado, e por aí adiante, entre os vivos e os mortos. Se calhar não vale, é batota aquilo das duas palavras apenas. Parece mais uma espécie de “Ocean’s Eleven” sem o glamour de outros patifes. Não se pode ter tudo, mas temos uma parte. Temos o George Clooney, é verdade; dizem as más-línguas que numa espécie de assalto às melhores praias da nossa costa, sob a forma de grande empreendimento turístico para português ver de longe. Em qualquer caso, o casino somos nós. Não sei se dá outro bom filme, mas, a vida de José Sócrates dava, seguramente, um bom livro. Alguém o escreva antes da minha morte. Não é seguro que se regresse, e eu gostava mesmo de saber a história toda.