Enchi
de anotações e sublinhados o meu “A Biblioteca de Estaline”, de Geoffrey
Roberts. Tenho esse (dizem alguns que) péssimo hábito: o de rabiscar,
sublinhar, circular, anotar quase tudo o que leio
A
dada altura do livro descobri que o leitor ávido, ácido e apaixonado que era
Estaline – “um dos ditadores mais sanguinários da História”, tal como é
apresentado logo na introdução, se dúvidas houvesse sobre o seu legado – tinha
vícios de leitura semelhantes aos meus e a tanta outra dessa gente incapaz de
ler de mãos despidas. Mas, não só anotou, comentou e sublinhou, como preencheu
cadernos inteiros com citações, resumos e comentários sobre os livros que lia. Era
curioso, atento, intelectual, e sinistro, maligno, perverso. Seria mais confortável
que tivesse sido apenas um ditador execrável, uma aberração incapaz de experimentar
qualquer característica mais elevada e humana, mas a humanidade é complexa,
como só não sabem os tolos.
É um bom livro, bem escrito e bem documentado, uma viagem extraordinária pela mente (ou parte dela) do monstro. E o melhor para ler logo depois desse – que comecei quase por acaso, mas ainda bem – é "As Enviadas Especiais", de Judith Mackrell, a II Guerra Mundial vivida e contada por seis ousadas mulheres correspondentes de Guerra: Martha Gellhorn (mulher e ex-mulher de Ernest Hemingway), Sigrid Schultz, Virginia Cowles, Lee Miller, Clare Hollingworth e Helen Kirkpatrick.