E
este silêncio rubro, ondeando lento sobre os ombros nus de um tempo suspenso. Luas
de pedra sobre o ar quieto, cristalizado: a vida, a morte, o amor e o ódio, paixões
dissolutas, lagos de luz dourada no regaço côncavo da rocha cinzelada de
séculos. Cicatrizes do passado. A névoa ocre, fino véu em decomposição, e o
odor macerado do abandono. Mil cambiantes de cinza sobre o dorso do vento átono,
imperial, e o latejar compassado, visível, sob a pele branca de mármore do meu
pulso fino, habitáculo de memórias ancestrais.