Há defeitos piores, e padeço de muitos desses também.
Tenho um exemplar belíssimo d’ Os Lusíadas. Já contei. Um livro magnífico, velho e pesado, uma edição de MDCCCLXXX, assim, em romano, comemorativa dos trezentos anos da morte de Luiz de Camões, publicada por Emílio Biel com uma dedicatória “A Sua Majestade, o Senhor D. Pedro II, Imperador do Brazil”, em letra manuscrita, redonda e gorda, maiúsculas altas e elegantes de rabos longos e encaracolados. De vez em quando, retiro-o do seu abrigo e adoro-o. Na sua fragilidade imponente.
Por
pouco, esquecia-o a “ditosa pátria amada”. Mas, vale mais tarde do que nunca,
dizem (bastante discutível, no que me toca), e, para remissão dos pecados do
anterior, o novo Governo de Portugal decreta o baptismo com o nome do poeta do aeroporto que
há-de vir – quem sabe, no seiscentésimo aniversário, mas isso é outra discussão –, além de prolongar por
dois anos as comemorações dos quinhentos anos de Luís de Camões. Ainda bem.
Luís de Camões merece ser celebrado e, sobretudo, merece ser lido.