Os cachinhos do cabelo tremem-lhe como molas pendulares, ao ritmo da birra que o faz espernear deitado no chão do supermercado. Um miúdo daqueles a quem faltam muitos banhos de água fria, vê-se logo. O meu filho fez-me uma parecida, uma vez única: enfiei-o imediatamente numa banheira… mentira. Veio uma velha atrás mim, de carro, enquanto eu ainda lutava para enfiar o puto na maxi-coisa do meu: mas o que é que está a fazer ao menino, vou já aí, como se eu estivesse a estrangulá-lo. E veio. Deu a volta com o carro para saber, afinal, que mal fazia eu à pobre criança. Trazia sempre rebuçados no bolso, para os netos (dos outros também, evidentemente), e enfiou-se-me no carro, determinada a calar-me o menino a bem. Estive tentada a puxar-lhe o cabelo branco imaculado, mas estava exausta. O meu filho calou-se, eu tirei-lhe os rebuçados e a velha foi-se embora, a resmungar não sei o quê.
Adiante.
A irmã (parece uma irmã) do pequeno ditador segura-o pela
mão, enquanto o arrasta pelo chão, mas o diabrete resiste. Quando a irmã
desiste e lhe solta a mão minúscula, a fera levanta-se de um salto e corre para a
secção dos brinquedos. Não é aqui!, não é aqui!, ouço-o gritar lá
do fundo, com o cabelo aos saltinhos, a preparar nova investida.