A atracção gravitacional entre três corpos celestes torna impossível prever com exactidão os seus movimentos a longo prazo, criando trajectórias caóticas e imprevisíveis que podem conduzir ao caos e à aniquilação...
O
fracasso de André Ventura (pelo menos, de momento) é não ter patifes à altura. Passado
o amadorismo, por grande que seja o entusiasmo, a maldade exige madurez e
inteligência. Roubar malas no aeroporto de Lisboa – como mugir à aproximação de deputadas
eleitas na Assembleia da República ou berrar encostem-nos à parede – pode
saciar raivas de pavio curto, mas não faz rolar a máquina de propaganda capaz
de eleger um Donald Trump: Ventura sonha, mas lidera apenas um grupo de
arruaceiros, e do mais medíocre. O nosso drama, quando se olha o panorama geral,
é que talvez seja suficiente. Já temos o líder do Chega-Açores a defender a
honra de Arruda, jurando, indignado, que, também ele e por mais de uma vez, se
enganou e agarrou numa mala que não era sua, num qualquer tapete rolante de um
aeroporto perto de si. Quem nunca, não é? É capaz de colar. Quem não tem cão,
caça com gato, que é como quem diz, uns contornam a Lei, outros, o tapete mais
perto.
A propósito de patifes.
Entre o nojo e o embevecimento, há-de haver um caminho mediador de olhar os próximos quatro anos do reinado de Trump. O meu desejo de ano novo é ver o quadragésimo sétimo presidente dos EUA cumprir tudo o que prometeu cumprir. Que não haja impedimentos à sua acção revolucionária, por mais aberrante, enquanto a maioria do povo americano o quiser: ou o homem fará a América grande outra vez, eventualmente, na versão T50 + 1 e uns anexos, e salvará o mundo sem morrer pelos nossos pecados, ou a legião de apóstolos que o elevou a deus beberá da sua ira. Dois mil e vinte e cinco começa agora, e é política em tempos de cólera.
Ando
há dois dias a cantar a Nikita do Elton Jonh, depois de ver Melania Trump no
seu impecável, formidável, uniforme azul e chapéu de abas largas. Vá lá
saber-se porquê. Conto estrelas à noite, quando a noite não é de trovoada, e
hei-de ir ver a valsa dos pirilampos, como Kazuaki Kozeki, nas florestas do Japão.