terça-feira, 11 de fevereiro de 2025


A língua, como o mar, tem as suas marés. Palavras dóceis, fáceis, vêm e vão, sem escavar fundo nas camadas do ser; não deixam vestígios. Gosto das outras, pesadas, persistentes, dedilhando versos no avesso da pele, em vermelho vivo, explodindo silenciosas como relâmpagos antes de rugir o trovão; as que não cabem na devoção apressada dos fingidores. Rasguei as tuas cartas de amor.