O
corpo, marcado pelo trauma, escapa ao silêncio e faz-se retrato de cores vivas
sangrando histórias. Pintar o abismo sem temor, sem pudor, no limite do
suportável. A carne rasgada, o coração aberto, o sonho a morte, a beleza crua
que emerge, lúcida, do tormento. A mulher ao espelho, de frente, desafiando os seus fantasmas. Há véus de cinza separando mundos,
onde o frio não cede ao tempo e o tempo se dissolve na lonjura da memória.
Florestas feridas convocando os mortos, a luz zunindo no ventre das pedras,
namorando, sem entrega, as sombras de renda salgada, e o rio negro, vagando sem
pressa sobre a própria eternidade. Lento, imutável. Impostor.