quarta-feira, 2 de julho de 2025

 

Detenho-me reverentemente na violência silenciosa do amor. Na sua devastação subtil. Profana. O olhar que se demora sobre a pele, o fogo lento que consome os sentidos ainda antes do primeiro toque; punhal envolto em seda. A crueldade fermentada dos gestos mais ternos. A renúncia, a espera, o sangue latejando sob a linha do pescoço, o corte limpo de uma ausência que se instala como febre. A solenidade da entrega como catarse – arqueólogos da nossa própria ruína, sobre o azul-cobalto da saudade em decomposição.