Detenho-me
reverentemente na violência silenciosa do amor. Na sua devastação subtil. Profana.
O olhar que se demora sobre a pele, o fogo lento que consome os sentidos ainda
antes do primeiro toque; punhal envolto em seda. A crueldade fermentada dos
gestos mais ternos. A renúncia, a espera, o sangue latejando sob a linha do
pescoço, o corte limpo de uma ausência que se instala como febre. A solenidade
da entrega como catarse – arqueólogos da nossa própria ruína, sobre o
azul-cobalto da saudade em decomposição.