sexta-feira, 31 de outubro de 2025




 

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

 


Mantenho a janela aberta porque gosto do cheiro metálico e húmido da noite, do barulho frio da chuva que se despedaça contra o asfalto deserto. Sulfúrea.


 

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

 

– ...um blog diferente para conteúdos diferentes: opinião, crónicas, diário, …

Não era? E agora, como confessar que não sei arrumar-me nessa esterilidade cirúrgica; que seccionar ordenadamente qualquer parte de mim resultaria numa amputação capaz de derrubar o meu edifício inteiro, como Clarice sobre os defeitos?


domingo, 26 de outubro de 2025

 


É tarde, e conduzo eu. À esquerda, há muitos anos a primeira vez, mas não esqueci. À esquerda, onde o corpo hesita antes da memória.

Ao meu lado dormes um sono tranquilo. Um corpo imóvel é uma forma de paz. Um álibi. O meu corpo vibra. Está desperto, alerta. Um desvio ligeiro antes da curva perfeita; do javali cor da noite, uma linha a tracejado na contramão do abismo recto. O ruído baixo do motor. Gosto. O vulto negro da montanha mesmo antes da dissolução sob o veio de luz macilenta.

A estrada é um animal dócil se a olharmos de frente.



quinta-feira, 23 de outubro de 2025

 


The acceptance of oneself is the essence of the whole moral problem and the epitome of a whole outlook on life.



Carl Gustav Jung



sábado, 11 de outubro de 2025

Amante devota (aprendiz, desastrada) da língua portuguesa, e, nela, da palavra escrita, há momentos em que a própria palavra me é ruído. Admito. Talvez leias o meu pensamento, não sei; às vezes, creio que sim. Ou não serei eu, apenas me revejo e, imaginando-me, encontro-me.

Abri um magnífico tinto do meu Douro. Celebrar. Vou acreditar que há realmente um plano de paz em marcha, capaz de estancar a orgia de sangue na faixa de Gaza e de normalizar a discussão sobre o "direito à defesa" de Israel. O que pode haver de condenável? E celebro também o Nobel de María Corina Machado. Ouço detractá-la, que é amiga de Abascal e admiradora de Trump; mas, entretanto, resiste, recusa, enfrenta o déspota Nicolás Maduro. Sempre me pareceu absurdo considerar a possibilidade de distinguir como agente da paz um homem como Donald Trump, capaz de incendiar o próprio país em nome da glória pessoal, messiânica, a política como uma horda de fanáticos subjugados a um deus menor. Uma seita. Mas, que sei eu? Movo-me entre muros de papel, sob uma lei esgotada.