sexta-feira, 14 de novembro de 2025


Eu também gosto de ti, ó chuva, mas, o que ontem me manteve encerrada mais de vinte minutos no carro estacionado, não eras tu, não era chuva.

Desisti, voltei para casa e reorganizei a minha agenda.

A avenida por onde passo todos os dias coberta por um lençol de água lamacenta. Subia-se e descia-se em cortejo, lentamente, cegamente, gente amontoada nas paragens de autocarro minúsculas para dilúvio tamanho, um lago castanho à porta da escola vazia, a sirena próxima de um carro de bombeiros rasgando o pranto aceso daquele céu de fim de mundo.

Não me sai da cabeça o casal de velhos, afogados no próprio quarto, a água devorando a casa que habitavam há quarenta anos.