Não
deixa de ser extraordinário, embora Oz Pearlman fosse incapaz de adivinhar,
numa primeira vez, uma perfeita estranha, que a minha professora de matemática
de décimo ano se chamava Balbina Cavalheiro Gomes, usava um ponteiro de aço para
apontar teoremas com rigor militar, tratava-nos pelo número da caderneta, nunca
pelo nome, excepto o Nuno, que se sentava atrás de mim, enrolava nos dedos o
meu cabelo de seda e era o único capaz de tirar do sério a professora
Balbina. Ou que adoro as maçãs vermelhas que me trouxeste, de um vermelho liso,
líquido, tão pecaminoso que nem as lagartas do pomar se atrevem a violar.