Há uma nova arma terrorista. Ao alcance de quase qualquer
um e esgotadas que estão, de momento, as hipóteses bem-sucedidas de (voltar a)
guiar estratégica e mortalmente aviões para atentar contra o modo de vida de
sociedades diferentes, camiões, carrinhas e automóveis (por enquanto)
tornaram-se no novo armamento de guerra dos
extremistas-barra-terroristas-barra-anarquistas-barra-loucos, simplesmente.
Menos sofisticados, menos equipados, menos preparados, mas igualmente dementes
e mortíferos, os novos terroristas não saem da cidade, não se deixam levar para
lugares inóspitos e longínquos; basta-lhes sair de casa, como que para dar um
passeio, sem levantar a menor suspeita.
Desta vez, o alvo foi Barcelona. Mais exactamente, a
incontornável e fremente avenida Las Ramblas. Já há dois mortos e a polícia já
confirmou que se trata de um ataque terrorista. Mais um ataque terrorista. Que
outra coisa poderia ser, de facto? Alguma acção mais “enérgica” daqueles
movimentos anti-turistas? E isso não seria, igualmente, terrorismo?
Ninguém está a salvo destes dementes. A questão já não
é se vai acontecer; é quando e onde será
o próximo alvo. Por isso é que é chocante ouvir defender que a “culpa” do que
aconteceu, por exemplo, em Charlottesville é de “ambas as partes” e que também
há “pessoas boas” (na expedita linguagem dessa criatura que se tornou
presidente dos EUA) nos grupos radicais e fascistas de extrema direita. O que
haverá de bom em alguém que odeia outro alguém, só porque sim?
O que haverá de bom em alguém que publica, acerca de uma
mulher brutalmente assassinada, que ela é “gorda, inútil e sem filhos”? O que
haverá de bom em alguém que, de forma vil e cobarde, abalroa
uma multidão indefesa com o único objectivo de provocar o maior número de
vítimas possível? O que haverá de bom em alguém que se move
apenas pela mais insana e colérica animosidade contra outrem, só porque é diferente,
seja lá o que isso for?