terça-feira, 10 de outubro de 2017

E agora, Catalunha?

 

Bem me quer, mal me quer… assim vai papagueando, imagino eu, Carles Puigdemon, esta manhã, enquanto prepara a presença, mais logo, no parlamento catalão. As jogadas políticas têm destas coisas: às vezes, correm mal. Muito mal.

Depois de estender a armadilha a um impreparado e imbecil Mariano Rajoy, atirando velhinhas e crianças para a frente de batalha, matreiramente consciente que algo correria a favor do seu ardil, Puigdemon vê-se a braços com uma vontade de independência que, pelos vistos, não era tão fervorosamente desejada. Não tanto como ele pensava ou desejaria, pelo menos. Às transferências anunciadas das sedes de várias empresas e bancos para fora da Catalunha (quem diria?!), seguiu-se uma manifestação maciça, nas ruas de Barcelona, contra esse desejo de independência e por uma Espanha unida. Não sei se seriam 350 mil manifestantes ou 950 mil, mas, a não ser que as imagens fossem manipuladas, ao melhor estilo Trump, o que vimos nos écrans de televisão foram muitos milhares de pessoas (catalães e suponho que não catalães, eventualmente), a negarem, de forma surpreendentemente pacífica, o que Carles Puigdemon lhes quer, tão patrioticamente, oferecer. Até os jornalistas que cobrem o drama passaram de romanticamente adeptos da “causa catalã” a uma não menos romântica moderação, nas expectativas à volta da declaração unilateral de independência.

E agora? Agora, não me admirava nada que o senhor Puigdemon voltasse atrás nos seus intentos e refreasse paulatinamente a sua sede de fazer estória.