Bem me quer, mal me quer… assim vai papagueando, imagino
eu, Carles Puigdemon, esta manhã, enquanto prepara a presença, mais logo, no
parlamento catalão. As jogadas políticas têm destas coisas: às vezes, correm
mal. Muito mal.
Depois de estender a armadilha a um impreparado e imbecil
Mariano Rajoy, atirando velhinhas e crianças para a frente de batalha,
matreiramente consciente que algo correria a favor do seu ardil, Puigdemon
vê-se a braços com uma vontade de independência que, pelos vistos, não era tão fervorosamente
desejada. Não tanto como ele pensava ou desejaria, pelo menos. Às
transferências anunciadas das sedes de várias empresas e bancos para fora da
Catalunha (quem diria?!), seguiu-se uma manifestação maciça, nas ruas de
Barcelona, contra esse desejo de independência e por uma Espanha unida. Não sei
se seriam 350 mil manifestantes ou 950 mil, mas, a não ser que as imagens
fossem manipuladas, ao melhor estilo Trump, o que vimos nos écrans de televisão
foram muitos milhares de pessoas (catalães e suponho que não catalães,
eventualmente), a negarem, de forma surpreendentemente pacífica, o que Carles
Puigdemon lhes quer, tão patrioticamente, oferecer. Até os jornalistas que
cobrem o drama passaram de romanticamente adeptos da “causa catalã” a uma não menos
romântica moderação, nas expectativas à volta da declaração unilateral de
independência.
E agora? Agora, não me admirava nada que o senhor
Puigdemon voltasse atrás nos seus intentos e refreasse paulatinamente a sua
sede de fazer estória.