quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Não nos envergonhem mais!

Azeredo Lopes indignou-se com Rui Rio, pela comparação do caso Tancos com a guerra de Solnado. Pois bem, eu indigno-me com este ministro burlesco que, em qualquer país decente, há muito já teria posto o seu cargo à disposição. O caso Tancos, há muito ultrapassou o patamar da anedota para passar ao do nojo e da vergonha! António Costa defende o importante “activo”; dá-se ao luxo de fazer comentários jocosos no Parlamento, tão à-vontade está no vazio de uma oposição digna desse nome, porque a falta de coragem é concubina do poder mesquinho e miudinho e ninguém quer perder o estatuto, por mais miserável. Entretêm-se, antes, a debater banalidades, atirando insultos como rebuçados, sem qualquer respeito pelas instituições que juraram honrar e representar. Compactuam com a fraude do outro para garantir o direito à fraude própria, quando a vez chegar. Dormem com quem ontem tratavam por inimigo, sem sobressaltos, sem insónias, sem dores de barriga ou de consciência, dormem sem pesadelos, ainda que sem explicar onde deixaram, entretanto, a verticalidade das convicções, a verdade dos credos, a seriedade das propostas, a honradez dos compromissos, a validade das palavras. Os argumentos políticos convertidos em contorcionismos linguísticos ao nível das conversas de café, o entretém do circo, a minha ironia é melhor do que a tua, casamentos e carochinhas varrendo indolentemente a dignidade de todos e nós, João Ratão, ardendo no caldeirão do escárnio.

Por favor, não nos envergonhem mais!