Azeredo Lopes indignou-se com Rui Rio, pela comparação do
caso Tancos com a guerra de Solnado. Pois bem, eu indigno-me com este ministro
burlesco que, em qualquer país decente, há muito já teria posto o seu cargo à disposição.
O caso Tancos, há muito ultrapassou o patamar da anedota para passar ao do nojo
e da vergonha! António Costa defende o importante “activo”; dá-se ao luxo de
fazer comentários jocosos no Parlamento, tão à-vontade está no vazio de uma
oposição digna desse nome, porque a falta de coragem é concubina do poder
mesquinho e miudinho e ninguém quer perder o estatuto, por mais miserável.
Entretêm-se, antes, a debater banalidades, atirando insultos como rebuçados,
sem qualquer respeito pelas instituições que juraram honrar e representar.
Compactuam com a fraude do outro para garantir o direito à fraude própria,
quando a vez chegar. Dormem com quem ontem tratavam por inimigo, sem
sobressaltos, sem insónias, sem dores de barriga ou de consciência, dormem sem
pesadelos, ainda que sem explicar onde deixaram, entretanto, a verticalidade
das convicções, a verdade dos credos, a seriedade das propostas, a honradez dos
compromissos, a validade das palavras. Os argumentos políticos convertidos em
contorcionismos linguísticos ao nível das conversas de café, o entretém do
circo, a minha ironia é melhor do que a tua, casamentos e carochinhas varrendo
indolentemente a dignidade de todos e nós, João Ratão, ardendo no caldeirão do
escárnio.
Por favor, não nos envergonhem mais!