sábado, 15 de dezembro de 2018

Ai, Agostinho...

O secretário-geral do PSD, José Silvano, está de acordo em que sejam impostas sanções aos deputados que, sem lá terem posto os seus escorreitos pés, marquem "presença" no Parlamento por via daquelas virgens nada ofendidas que conhecem as passwords pessoais e intransmissíveis de outros colegas e que, inadvertidamente, as utilizam se for caso disso.

Por momentos, fiquei a pensar se aquele José Silvano, “homem honrado e credível”, que quer que a política seja feita “pelo exemplo”, seria o mesmo José Silvano a quem, aqui há tempos, a tão prestável quanto distraída colega Emília Cerqueira validou (im)presenças parlamentares. Concluí que, efectivamente, os dois são uno e fiquei ainda mais confusa. Seguramente, por incompetência minha.

 

Em circunstâncias normais, o direito à greve tem uma consequência negativa também para o que adere a essa (justa) forma de protesto, já que deixa de receber o salário correspondente a esse, ou a esses dias. Os nossos enfermeiros encontraram uma forma, digamos, ardilosa de suavizar o inconveniente detalhe: recorreram ao crowdfunding. Assim, e durante a greve que dura até 31 de Dezembro, cada enfermeiro em greve continua a receber uma espécie de salário: 42 euros por dia. Não sei se é muito, pouco, o normal, mas o facto, só por si, parece ter algo de perverso. Afinal, sem qualquer penalização financeira para quem adere à greve, não sei se a consciência do prejuízo que sobra exclusivamente para os doentes e seus familiares será suficiente para chegar a consensos.  

 

Forjar habilitações parece ter-se tornado normal. E banal. Vale tudo, haja descaramento onde falta o curriculum.  A candidatura de Maria Begonha à liderança da JS tem, ou tinha, várias gralhas, que é simpático eufemismo para declarações fraudulentas com vista a abrilhantar competências poucochinhas, às vezes, medíocres. No caso desta Maria, até a data de nascimento foi importante ajustar, para que a jovem estagnasse, momentaneamente, no limite dos 30 anos para além dos quais, parece, não se pode continuar como militante dos jotinhas socialistas.

Entretanto, um outro militante da JS entregou, na passada sexta-feira, uma providência cautelar para impugnar o Congresso que irá eleger a única candidata a líder, Maria Begonha, e que terminará este Domingo. O Tribunal analisará a providência cautelar na próxima segunda feira, um dia depois da Maria ser eleita. Tudo normal, portanto.

Já Maria Begonha (ou alguém por ela) apagou a candidatura e, sem vergonha, fez saber que o seu "percurso pessoal e cívico sempre se pautou pelo rigor e pela verdade".

Não sei se, em vez de nos andarmos a preocupar com a linguagem inclusiva, não devíamos antes empenharmo-nos em explicar aos nossos ilustres políticos e candidatos a políticos o significado singelo de palavras como rigorverdade e honra. Podíamos promover, e adaptar, assim uma espécie de dicionários ilustrados, como aqueles que se oferecem aos miúdos para que aprendam línguas estrangeiras

 

Está tudo grosso...