O secretário-geral do PSD, José Silvano, está de acordo
em que sejam impostas sanções aos deputados que, sem lá terem posto os seus
escorreitos pés, marquem "presença" no Parlamento por via daquelas
virgens nada ofendidas que conhecem as passwords pessoais e
intransmissíveis de outros colegas e que, inadvertidamente, as utilizam se for
caso disso.
Por momentos, fiquei a pensar se aquele José
Silvano, “homem honrado e credível”, que quer que a política seja
feita “pelo exemplo”, seria o mesmo José Silvano a quem, aqui há
tempos, a tão prestável quanto distraída colega Emília Cerqueira validou (im)presenças parlamentares.
Concluí que, efectivamente, os dois são uno e fiquei ainda
mais confusa. Seguramente, por incompetência minha.
Em circunstâncias normais, o direito à greve tem uma
consequência negativa também para o que adere a essa (justa) forma de protesto,
já que deixa de receber o salário correspondente a esse, ou a esses dias.
Os nossos enfermeiros encontraram uma forma, digamos, ardilosa
de suavizar o inconveniente detalhe: recorreram ao crowdfunding.
Assim, e durante a greve que dura até 31 de Dezembro, cada enfermeiro em greve continua
a receber uma espécie de salário: 42 euros por dia. Não sei se é muito, pouco,
o normal, mas o facto, só por si, parece ter algo de perverso. Afinal, sem
qualquer penalização financeira para quem adere à greve, não sei se a
consciência do prejuízo que sobra exclusivamente para os doentes e seus
familiares será suficiente para chegar a consensos.
Forjar habilitações parece ter-se tornado normal. E
banal. Vale tudo, haja descaramento onde falta o curriculum.
A candidatura de Maria Begonha à liderança da JS tem, ou tinha,
várias gralhas, que é simpático eufemismo para declarações
fraudulentas com vista a abrilhantar competências poucochinhas, às vezes,
medíocres. No caso desta Maria, até a data de nascimento foi importante ajustar,
para que a jovem estagnasse, momentaneamente, no limite dos 30
anos para além dos quais, parece, não se pode continuar como militante dos
jotinhas socialistas.
Entretanto, um outro militante da JS entregou, na passada
sexta-feira, uma providência cautelar para impugnar o Congresso que irá eleger
a única candidata a líder, Maria Begonha, e que terminará este Domingo. O
Tribunal analisará a providência cautelar na próxima segunda feira, um dia
depois da Maria ser eleita. Tudo normal, portanto.
Já Maria Begonha (ou alguém por ela) apagou a candidatura
e, sem vergonha, fez saber que o seu "percurso pessoal e cívico
sempre se pautou pelo rigor e pela verdade".
Não sei se, em vez de nos andarmos a preocupar com
a linguagem inclusiva, não devíamos antes empenharmo-nos em
explicar aos nossos ilustres políticos e candidatos a políticos o significado
singelo de palavras como rigor, verdade e honra.
Podíamos promover, e adaptar, assim uma espécie de dicionários ilustrados, como
aqueles que se oferecem aos miúdos para que aprendam línguas
estrangeiras…
Está tudo
grosso...