“A violência, seja qual for a maneira
como ela se manifesta, é sempre uma derrota.”
Jean-Paul Sartre.
Mesmo que, nas mãos do povo, alguém a alcunhe de justiça,
a violência não devia ser secundada, muito menos, atendida. E, às vezes, parece
não haver outra alternativa.
Em França, os “gilets jeunes” conseguiram, de momento,
que Macron voltasse atrás no aumento do imposto sobre os combustíveis. Ao
Governo francês não parecia restar muito mais, a não ser que houvesse
demissões. Pode ser que isso seja suficiente para conter a próxima onda de
horror que já começa a ganhar forma nas redes sociais; uma ameaça em crescendo,
pronta para mais um sábado de anarquia e destruição bárbara. Pode ser
suficiente, mas eu duvido. Quem se manifesta vestido como quem vai para a
guerra, não estará forçosamente interessado no aumento ou diminuição de taxas,
mesmo que as exigências, entretanto, já tenham ultrapassado o vulgar aumento
dos combustíveis. Dizem que a violência é mais ou menos comum nos franceses e
que nós, não-franceses, estaremos mais chocados do que eles. É possível, mas,
não deixa de ser condenável e aterrorizador.
Entretanto, não percebi bem o que tentaram ensaiar por cá
os bombeiros que se manifestaram ontem em Lisboa. Mas não apreciei o “Deixa
arder” e dispensava a simbologia das chamas, na concentração. Apenas para que o
nojo não se cole à nobreza de alguns homens e dos valores que eles defendem,
não vamos, nós também, perder a lucidez. E, sobretudo, para que não nos
confundam, que os tempos já são suficientemente insanos.