quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Insultar e ridicularizar continua a ser mais fácil.

Alexandria Ocasio-Cortez é uma das novas caras do Congresso norte-americano. Ainda não tem 30 anos, faz parte do Partido Democrata e há quem a considere demasiado nova, demasiado ingénua e demasiado impreparada para cumprir o cargo para que foi eleita.

Entre tentativas de chacota mais ou menos desajeitadas e, eventualmente, desesperadas, foi publicado, há uns dias, um vídeo antigo que mostra Alexandria Ocasio-Cortez – à data, uma universitária – a dançar, alegre e descontraída, na companhia de outros jovens, tão loucos, divertidos e vivos como ela. O vídeo pretendia-se infame e, como tal, vinha acompanhado de uma legenda a condizer: esta é a comunista favorita dos Estados Unidos comportando-se como a cretina que é. Algo assim. Como tantas vezes acontece, o feitiço virou-se contra o feiticeiro. Ao invés de uma cretina comunista, foram muitos os que viram uma jovem adorável. Alexandria Ocasio-Cortez acabou a rir por último, o melhor, e ainda retomou o baile, desta vez, já à porta do Congresso, ao lado de uma placa com o seu nome.

Mas, a perseverança tende a ser uma virtude, pelo que, desta vez, uma outra publicação online mostrava os pés nus de uma mulher no banho, com a legenda “aqui está a fotografia que alguns descrevem como uma nude selfie de Alexandria Ocasio-Cortez”. Afinal, a fotografia não pertencia a Ocasio-Cortez – se pertencesse, também não vislumbro o pretenso drama –, foi apagada e acabou por provocar uma reacção crítica, por parte da visada, contra os promotores da “notícia”.

É evidente que o objectivo é ridicularizar. Descredibilizar. Já tinha acontecido, há uns meses, com Beto O’Rourke, outra estrela democrata em ascensão. Os republicamos do Texas colocaram a circular uma fotografia da antiga banda rock de que Beto O’Rourke fazia parte, nos anos 90. Também dessa vez, a manobra não correu como o esperado, aos mal-fadados detractores: muitos ficaram rendidos à sedutora imaturidade de O’Rourke, em vez de se indignarem violentamente, como (mal) se previa e se desejava.

É uma arma bastante comum, ainda. Tentar envergonhar ou insultar aqueles de quem se discorda, ou de quem não se gosta. Não requer grande inteligência e não dá trabalho. Na falta de melhores argumentos, às vezes, resulta. Quando não, é um óptimo sinal.