Alexandria Ocasio-Cortez é uma das novas caras do
Congresso norte-americano. Ainda não tem 30 anos, faz parte do Partido
Democrata e há quem a considere demasiado nova, demasiado ingénua e demasiado
impreparada para cumprir o cargo para que foi eleita.
Entre tentativas de chacota mais ou menos desajeitadas e,
eventualmente, desesperadas, foi publicado, há uns dias, um vídeo antigo que
mostra Alexandria Ocasio-Cortez – à data, uma universitária – a dançar, alegre
e descontraída, na companhia de outros jovens, tão loucos, divertidos e vivos
como ela. O vídeo pretendia-se infame e, como tal, vinha acompanhado de uma
legenda a condizer: esta é a comunista favorita dos Estados Unidos
comportando-se como a cretina que é. Algo assim. Como tantas vezes
acontece, o feitiço virou-se contra o feiticeiro. Ao invés de uma cretina
comunista, foram muitos os que viram uma jovem adorável. Alexandria
Ocasio-Cortez acabou a rir por último, o melhor, e ainda retomou o baile, desta
vez, já à porta do Congresso, ao lado de uma placa com o seu nome.
Mas, a perseverança tende a ser uma virtude, pelo que,
desta vez, uma outra publicação online mostrava os pés nus de uma mulher no
banho, com a legenda “aqui está a fotografia que alguns descrevem como uma nude
selfie de Alexandria Ocasio-Cortez”. Afinal, a fotografia não pertencia a
Ocasio-Cortez – se pertencesse, também não vislumbro o pretenso drama –, foi
apagada e acabou por provocar uma reacção crítica, por parte da visada, contra
os promotores da “notícia”.
É evidente que o objectivo é ridicularizar.
Descredibilizar. Já tinha acontecido, há uns meses, com Beto O’Rourke, outra
estrela democrata em ascensão. Os republicamos do Texas colocaram a circular
uma fotografia da antiga banda rock de que Beto O’Rourke fazia parte, nos anos
90. Também dessa vez, a manobra não correu como o esperado, aos mal-fadados
detractores: muitos ficaram rendidos à sedutora imaturidade de O’Rourke,
em vez de se indignarem violentamente, como (mal) se previa e se desejava.
É uma arma bastante comum, ainda. Tentar envergonhar ou
insultar aqueles de quem se discorda, ou de quem não se gosta. Não requer
grande inteligência e não dá trabalho. Na falta de melhores argumentos, às
vezes, resulta. Quando não, é um óptimo sinal.