Também tenho. Às vezes. De momento, rezam assim:
1. Olavo
Bilac. Nunca gostei. Do músico, entenda-se, ou cantor, ou lá o que seja, nunca
me convenceu aquela voz falsamente rouca, mesmo que o próprio garanta que não e
eu até acredite. Só há um homem capaz de (me) (en)cantar sem saber cantar,
é o Pedro Abrunhosa; e isto falando só de cantar, não sei se já me tinha feito
entender.
De modo que, o que me indignou no arrefecido e requentado caso
Olavo Bilac não foi que tivesse (en)cantado para (o) André Ventura, com direito à selfie e ao cachet. Foi o desgraçado post que escreveu depois. É um daqueles casos em que é pior a emenda que o soneto, e acho que a música nem era essa.
2. A
menina da manifestação anti-anti-racismo. Outra vez o CHEGA por lá, mas em modo pior. Nem é tanto
a presença e o cartaz. É o cartaz feito vestido, enfiado na menina, e a mãe a
referir-se à filha como sendo de cor, antes ou depois, já não sei bem,
de os remorsos lhe terem provocado vómitos e outros estados de dor. Não sei se será
caso para impedir a adopção em curso, mas, por mim, pode continuar em cuidados até,
sei lá, deixar de votar naquilo. Pode ser que sejam poupadas, mãe e
filha, a mais disparates. Não se tratou só disso, mas não foi a primeira vez e
não será a última. Há pais que vêem os filhos como posse e prolongamento de si
mesmos. Também me acontece. Evito que seja em público.
3. A "parada Ku Klux Klan". Esta não é selectiva. Indigna-me por todos os lados que
olhe. Só o retrato já é asqueroso. Cobardes, cobardes, cobardes. Mil vezes
cobardes. “O mês de Agosto será o mês do reerguer nacionalista”, “informe
da nova ordem de avis”, “48 horas para deixarem o território português”? Seria
cómico, se não fosse crime, em território português, dirigir ameaças, por
escrito ou não, a outras pessoas.
Entretanto
e a propósito de mais um vídeo, onde se vê um polícia australiano a imobilizar,de forma violenta, uma mulher. Claro que não tardou a piadola ("olha se fosse
preta…") e a comparação igualmente jocosa com o que aconteceu a George Floyd,
asfixiado, recorde-se (como se fosse preciso) sob o joelho de um polícia, mais
de 8 minutos de agonia em directo, sem que o seu carrasco perdesse o sentido de po(s)se
aprumada. E, portanto, neste caso e com os graciosos, não sinto qualquer tipo
de indignação, nem selectiva, nem global. Nem toda a cretinice merece atenção e
castigo; é só malcheirosa, como a água suja da sarjeta.