sábado, 23 de julho de 2022

Há qualquer coisa de apocalíptico naquele gorgolejar histriónico das gaivotas à minha janela, ainda a manhã não é bem manhã. Um chinfrim circular, sinistro. Lembro-me dos pássaros de Hitchcock, talvez pelo ainda torpor do sono e uma qualquer memória solta que devo ter trazido de um daqueles sonhos que nunca recordo. Depois, uma cascata de estilhaços de vidro, uma sinfonia laminada, quase metálica, cala o alarme das gaivotas. Há de certeza uma lei que proíbe a recolha estrondosa de lixo antes das sete e meia de uma manhã de sábado. Se não há, devia.