sábado, 14 de junho de 2025


Na verdade, o que celebro é a Língua Portuguesa. Nenhuma outra serve tão bem o amor, o ódio, a saudade, a volúpia. A imensidão da serra cujo dorso vejo à janela do meu quarto, ondulado, leito de nuvens plúmbeas em finais de Abril. A língua como pele. Macerada. Há nela um tempo que se alonga, uma memória viva. Covil de silêncios, porto de abrigo, palavras que guardam estilhaços e outras que se desfazem no ar como pólen. Posso ler em mais três línguas, mas só esta me alimenta. Só esta me despe. Só nesta cabe a vontade que tenho de ti.