segunda-feira, 20 de julho de 2020

José Miguel Júdice, o impoluto disto tudo

José Miguel Júdice tem-se esforçado imenso por parecer impoluto. Desde que rebentou o escândalo (outro) Luanda Leaks, desta vez na pessoa de Isabel dos Santos, outra dona de muita coisa que nunca levantou qualquer suspeita entre pares e ímpares, que o agora não advogado – como também se esforça por lembrar – não se tem poupado a esgrimir as suas desassombradas virtudes, ele disse, ele soube, ele não teme, ao contrário de outros, inclusive colegas, que também sabem, mas temem, muito, ele é livre como poucos, ele almoça e pequenalmoça, avisam-no para que não se meta, e ele arma-se e mete-se, avisado e redentor, e eu desconfio sempre de quem precisa muito, muito, de se mostrar sempre virtuoso. Estridentemente.

Sempre tão atento e perspicaz, Júdice nunca viu nada de suspeito no tempo em que trabalhava para  ou com, fará toda a diferença – Isabel dos Santos e será isso que o traz martirizado. Independentemente da legalidade da coisa feita – e não duvido nada da legalidade , há uma mácula reputacional que permanece como uma cicatriz desastrada e grosseira, que nenhuma operação de charme, por mais poeticamente suada, poderá disfarçar. A vaidade, por vezes, tem um preço demasiado elevado. Peçonhento.