Estou
naqueles dias. Não "naqueles" dias; naqueles dias. Indigno-me superficialmente, entre
as gordas dos títulos apocalípticos e os ecos da mais fina análise política da
actualidade. Desde que comentadores e jornalistas, analistas e especialistas,
começaram a tratar-se pelo nome próprio, por tu não raras vezes (“ouve
lá”, já ouvi duas vezes, em horário nobre e igual matéria), a avaliação do
estado do Estado, a que chegamos e para onde (não) vamos, passou da Ciência Política
à conversa de café.
É
possível olhar para o esquartejado caso-TAP e pensar que ninguém tem razão?
Pois, também estou nesses dias. António Costa avisou: habituem-se. Marcelo Rebelo
de Sousa morreu pela boca, belíssimo ditado, olhem que eu sou, olhem que
eu posso, olhem que eu faço, então faça lá agora, senhor presidente, ou
cale-se para sempre. Como é que ninguém viu isto chegar também é espantoso. Sempre
havia um lobo, mas não era Marcelo. Uma comunicação social alcoviteira, mais emp(r)enhada em entreter do que em informar, fez
muito do resto, até chegarmos a este estado quase anedótico de coisas. Eu disse "quase"?
Ouve-se
o líder do PSD e aquilo é tudo tão pobrezinho, tão pobrezinho, que já desconfio que Marcelo
Rebelo de Sousa tem mais medo de Luís Montenegro do que de André Ventura.
Valha-nos Deus… Um qualquer.